Header Ads

Ads Top
Últimas Notícias
recent

NOSSA HISTÓRIA

Surgido por volta de 1690, o Distrito de São Timóteo, situado na sudoeste, fazendo a divisa com o município de Caetité e distante mais de 50 km da sede de Livramento, hoje vive com o que restou de uma parte da história do Brasil: o período do Ciclo de Ouro. Interessada nesta nova fonte de lucro, já que o comércio de açúcar passava por uma fase de declínio, a Corte Portuguesa começou a enviar bandeirantes e famílias portuguesas para explorar o interior do país em busca de ouro. A Chapada Diamantina teve grande importância para o período e a região de São Timóteo se estabeleceu como ponto de parada e de entroncamento entre a capital daBahia e a área onde hoje está localizado o estado de Goiás.
O povoado foi criado a partir da família portuguesa Spinola que à época fazia parte do dizimeiros da Fazenda Real Portuguesa. Os irmãos Timóteo, o qual deu nome ao lugarejo, José Francisco (Major) e Joaquim Spinola (Barão), ao chegarem abriram uma lagoa como o nome de Timóteo, e se instalaram ao redor dela. Todos eles construíram casarões, utilizando-se de escravos, que ainda hoje conservam pequenos detalhes do período colonial brasileiro. A lagoa, contudo, secou devido a escassez de água das nascentes atingidas pelas Indústria Nuclear do Brasil (INB), que explora urânio em Caetité.
Antonio Moreira Nunes, nascido e criado no local, hoje a maior fonte viva de conhecimento sobre a história da localidade conta que “eles vieram explorar as minas de ouro em Rio de Contas e na região da Chapada e passaram a colonizar esta região também”. Segundo informações transmitidas oralmente pelos antigos moradores, Timóteo exportou muito ouro retirado da região de Rio de Contas para a Inglaterra e depois de 30 anos residindo na região o Barão mudou para o Rio de Janeiro levando uma grande carga de ouro em baú.
Com o passar dos tempos, o povoado começou a ser habitado por viajantes, escravos e com o crescimento das famílias novos povoados foram surgindo ao redor desta região a exemplo do Mucambo, Barreiro, Contagem, Juazeiro, Mangabeiro e Engenho, onde casarões no mesmo estilo europeu também foram edificados “e daí em diante as famílias foram se expandindo e a antiga Lagoa de Timóteo se transformou numa pequena Vila”, revela. Assim, foi formado um pequeno comércio, onde viajantes e moradores faziam negócios “e naquele tempo tinha muito dinheiro e os comerciantes faziam muitas coisas na base do escravo, mas depois veio a decadência devido a seca, acabando com a feira que era muito grande” descreve Seu Antonio.
Hoje, dos três primeiros casarões construídos, dois ainda estão sobrevivendo, sem moradores. A arquitetura destes prédios impressiona os visitantes apresentando planta retangular, recoberto por telhado de quatro águas, com pequeno apêndice de serviços na parte esquerda. No frontispício, três pares de janelas se alternam com as suas duas portas de acesso. No fundo, as janelas matém a proteção de barras verticais de madeiras. O núcleo principal possui piso em lajotas de barro cozido, com exceção do salão de visitas, que é assoalhado. As duas alas do edifício apresentam barras de pinturas policromadas com temas florais e geométricos nos salões de uso social e em algumas alcovas, relata Mozart Tanajura no livro História de Livramento, ao descrever a mais famosa delas; a Casa do Barão. “As construções são coisas realmente de impressionar. Não eram coisas para aqui, principalmente para os dias de hoje, tudo murada e envidraçada. No fundo das casas existiam casas de farinha, casas de fazer requeijão, depósitos e as senzalas com troncos onde os escravos eram castigados”. Essas casas eram todas mobiliadas com móveis chiques e depois foram vendidos para os museus de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais.
Em visita aos casarões com a presença de moradores da localidade e herdeiros da família Spinola constatamos a precariedade dos antigos edifícios. Neles encontramos, além da destruição das paredes, telhados e piso, objetos e móveis utilizados quando ainda eram habitados pelos seus proprietários, como camas com grades feitas em couro, bancos, baús, alfaiates, potes, mesas, penduradores de chapéus e roupas. Outro casarão, bastante antigo, que ainda é cuidadosamente preservado pelos seus herdeiros, teve os seus pisos originais trocados durante a última reforma acontecida no início da década de 90. Neste, as janelas com barras de verticais de madeiras estão intactas e até mesmo um grande armário de cerca de 300 anos ainda é utilizado pela dona da casa.
Informações dão conta de que compradores desconhecidos procuraram as famílias com interesse em comprar os casarões para demolição e aproveitamento de alguns objetos, no valor de R$10 mil, proposta rejeitada pelos legatários.
Igreja de 300 anos
Assim como as demais povoações da época, São Timóteo também passou por fortes influências da Igreja Católica. No centro dos casarões foi construída uma igreja em referenda à Nossa Senhora D'Ajuda. Os moradores contam que a Baronesa Carlota Joaquina, esposa do Barão, fez uma promessa à Santa para que a lagoa enchesse.  Ao ver a lagoa cheia, com a água vinda das nascentes e córregos das serras, a baronesa iniciou a construção da igreja que teve uma imagem da santa de Portugal e uma de São Timóteo para ser o padroeiro do local.
A igreja de São Timóteo apresenta características comuns ao século XVII com peculiaridades da Arquitetura Religiosa Barroca, nave única, fachada de esquema jesuítico, janelas no coro e uma porta, cunhais em cantaria, portas em madeira esculpida e lavabos em cantaria. Contíguo à igreja, no fundo, encontra-se o cemitério em estilo bizantino, semelhante ao da cidade de Mucugê, construído no mesmo XIX. Alguns dos seus mausoléus possuem ornamentos e decorações que imitam as igrejas da época. Mesmo não seguindo um único estilo arquitetônico, alguns túmulos aparentam estilos góticos, marcado por formas pontiagudas e pinturas brancas.
Com a igreja finalizada no final do século XVII, grandes comemorações que alegravam a população do local começaram a surgir. De acordo com relato transmitido ao senhor Antonio Moreira, pelos seus avós, as festas em homenagem ao padroeiro aconteciam em fevereiro e à Santa em 15 de agosto. Com o surgimento de Livramento, e a data de comemoração à Nossa Senhora do Livramento acontecendo também em 15 de agosto, a festa religiosa, que já foi a maior da região foi transferida pelos os padres da época para 20 do mesmo mês até que perdeu todo o brilho. Seu Antonio conta que a festa era distribuída em nove dias de novena entre os moradores da vizinhança e na véspera o pessoal de fora vinha e se instalava ao redor da lagoa onde tinha muitas árvores. Tinha até um fogueteiro de Livramento, chamado “Leobino fogueteiro” que ficava uma semana fabricando vários fogos. Existia ainda leilão que era acompanhado pela banda e hoje não existe mais nada disso”.

Redação Folha da Chapada

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.