A importância da nucleação para a educação

Por: Yonélio Sayd

A nucleação de escolas da zona rural não é exclusividade, tampouco, imposição do Sr. secretário de Educação, o mestre Sebastião Fernandes Oliveira, o conhecido Tiãozinho Professor. Com as reformas no ensino fundamental promovidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), objetivando a implementação da municipalização e universalização do ensino básico, optou-se pelo fechamento de diversas escolas multisseriadas, através do processo chamado de nucleação, que consiste em reunir os alunos das escolas desativadas em centros maiores. Ao passo em que se concentra maior número de alunos, viabiliza a separação em classes de acordo com a idade, elevando a qualidade do ensino.

Aqui em Livramento, a nucleação tornou-se um ato da Secretaria Municipal de Educação e que foi muito rejeitado em anos recentes porque ex-prefeitos e vereadores tiveram medo da reação da população rural, antes, fácil massa de manobra eleitoreira. Os pais de alunos de famílias rurais rejeitavam a ideia de que seus filhos tinham que estudar longe de casa. Mas isto emperrava o desenvolvimento dos próprios estudantes, já que conviviam (ainda convivem) em pequenas escolas com apenas uma sala de aula, às vezes, sem nenhum banheiro, sem nenhuma infraestrutura para ser usada como local de ensino, também pelo pouco número de crianças estudando.

Para cumprimento das normas estabelecidas neste contexto, já não tão novo para o ensino nas escolas da nossa zona rural, o atual secretário de Educação e Cultura de Livramento Sebastião Fernandes Oliveira começou a desativar o processo de escolas multisseriadas para implantar de vez o sistema de nucleação no município. Os objetivos são justificados: a manutenção de alguns poucos centros de ensino, com o agrupamento dos diversos alunos através do transporte escolar, implica economia aos cofres municipais, dado que reduz o número de professores e de servidores ligados a atividade de ensino, promovendo-se a desativação de escolas isoladas.

Isto significa que os alunos passam a ganhar mais conteúdo na ampliação de seus conhecimentos, são beneficiados, inclusive, com a inclusão social na relação entre colegas e conhecendo novos professores, além da contemplação de mais aulas com maior duração para melhor introdução do aprendizado em tempo integral. Outros benefícios das escolas nucleadas são a integração e a participação dos professores que passam a conviver com uma realidade mais atual, ministrando suas aulas com metodologias aplicadas em tempo real, tirando os educadores do comodismo verificado em escolas isoladas, com pequeno número de crianças em idade escolar e sem o devido cumprimento da carga horária do ano letivo. Isto fazia com que muitos docentes não levassem muito à sério a sua atividade escolar, a ponto de utilizar o horário de suas aulas “pagando” uma extra para qualquer pessoa moradora da comunidade “olhar” as crianças enquanto iam a cidade para seus afazeres particulares.

Aqui, em Livramento, durante ousada fiscalização através de visitas de surpresas, o próprio secretário e sua equipe de técnicos pedagógicos flagraram muitos desses abusos cometidos contra as escolas multisseriadas. Eu vi porque também participei de algumas dessas visitas. A organização do ensino no meio rural, em escolas-núcleo, reduzindo gradativamente as escolas multisseriadas, representa um importante avanço na qualidade do ensino. Pois as escolas multisseriadas comprometem a qualidade do ensino e contribuem para o adoecimento dos professores, devido as dificuldades de lecionar para vários alunos, de idades diferentes, em pelo menos cinco séries, no mesmo local e no mesmo horário.

A verdade é que a nucleação de escolas deve ter como objetivo principal a melhoria da qualidade do ensino oferecido, levando em conta os direitos básicos dos alunos, que uma vez retirado do ambiente comunitário e familiar onde nasceram e cresceram poderá trazer prejuízos à própria identidade cultural. Os tradicionais grupos escolares, além de servirem para a educação das crianças e adolescentes, também são pontos de encontro para discussão de assuntos de interesse da coletividade local. Com a implantação do sistema de nucleação, o secretário Sebastião Fernandes fortalece um dos seus principais pilares do projeto de gestão que adotou desde que assumiu a pasta da Educação: a introdução das comunidades no ambiente escolar através da participação mais frequente de pais de alunos nas reuniões e movimentos de campanhas educacionais desenvolvidas por professores e alunos. Todavia, os pais continuam recusando a proposta de terem seus filhos estudando um pouco mais distante de suas casas, o que está gerando conflitos e ocasionando críticas injustas.

O diálogo é fundamental para se chegar a um processo de nucleação menos traumático. Pois a comunidade quer que a escola continue funcionando e o poder público diz não poder mais mantê-la por conta da insuficiência do número de alunos. De fato, num município com território tão extenso como o nosso, é mesmo indispensável o esforço do Governo Municipal no sentido de manter em funcionamento, no meio rural, as tradicionais escolas primárias, propiciando às crianças ali residentes o direito de iniciar o ensino fundamental junto à sua comunidade.

Amanhã vamos tratar do uso do transporte escolar, também objeto de queixas e críticas de pais de alunos, pois a preocupação deles é com a qualidade do veículo utilizado para fazer o deslocamento dos seus filhos.